Um homem negro foi espancado e morto por dois homens em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite dessa 5ª feira (19.nov.2020), véspera do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta sexta-feira (20.nov.2020).
João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, conhecido como Beto pelos amigos, foi agredido em uma unidade do supermercado Carrefour. As imagens da agressão foram gravadas e circulam nas redes sociais.
Os dois agressores, um homem de 24 anos e outro de 30 anos, foram presos em flagrante. Um deles é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança da loja e está em um prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado.
A Brigada Militar, como é chamada a Polícia Militar no Rio Grande do Sul, informou que o espancamento começou após desentendimento entre a vítima e uma funcionária do supermercado, que fica na zona norte da capital gaúcha. A vítima teria ameaçado bater na funcionária, que chamou a segurança.
Após a segurança do supermercado chegar, Freitas foi levado da área de caixas para a entrada da loja e teria, segundo apurou a Polícia Civil, iniciado a briga depois de dar 1 soco no policial militar. Em seguida, Freitas foi espancado pelos homens.
Nas imagens que circulam nas redes, é possível ver 2 homens vestindo roupa preta, comumente usada por seguranças, dando socos no rosto da vítima, que está no chão.
Uma mulher que estava próxima deles parece filmar a ação dos agressores. Em seguida, já com sangue espalhado pelo chão, outras pessoas aparecem em volta do homem agredido, enquanto os 2 agressores continuam tentando mobilizá-lo no chão.
Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) tentou reanimar o homem depois que ele foi espancado, mas ele morreu no local.
O crime está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Porto Alegre. A polícia vai analisar as imagens do vídeo postado nas redes sociais e também de câmeras de segurança do local.
O Carrefour informou, em nota, que lamenta profundamente o caso, que iniciou rigorosa apuração interna e tomou providências para que os responsáveis sejam punidos legalmente. A rede de supermercados, que atribuiu a agressão a seguranças terceirizados, também chamou o ato de criminoso e anunciou o rompimento do contrato com a empresa que emprega esses funcionários.
Em nota, a Brigada Militar informou que o PM envolvido na agressão é “temporário” e estava fora do horário de trabalho.
Segundo o comunicado, as atribuições dele na corporação são limitadas à “execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento” e “guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos”. A Brigada não informou o que ele fazia no mercado.
Eis a íntegra da íntegra da nota do Carrefour:
“O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.
O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais.”
Eis a íntegra da nota da Brigada Militar:
“Imediatamente após ter sido acionada para atendimento de ocorrência em supermercado da Capital, a Brigada Militar foi ao local e prendeu todos os envolvidos, inclusive o PM temporário, cuja conduta fora do horário de trabalho será avaliada com todos os rigores da lei. Cabe destacar ainda que o PM Temporário não estava em serviço policial, uma vez que suas atribuições são restritas, conforme a legislação, à execução de serviços internos, atividades administrativas e videomonitoramento, e, ainda, mediante convênio ou instrumento congênere, guarda externa de estabelecimentos penais e de prédios públicos. A Brigada Militar, como instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, e seu total repúdio a quaisquer atos de violência, discriminação e racismo, intoleráveis e incompatíveis com a doutrina, missão e valores que a Instituição pratica e exige de seus profissionais em tempo integral.”
Fonte: Poder 360