O Hemocentro e o Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (SP) informaram nesta segunda-feira (23) que oito casos da variante delta foram diagnosticados em moradores da cidade. A confirmação foi feita após amostras de pacientes com Covid-19 serem encaminhadas pelo laboratório do Supera Parque, responsável pelos testes feitos na rede municipal de saúde, para contraprova.
Na avaliação do diretor do Hemocentro, Rodrigo Calado, do médico infectologista e pesquisador do HC, Benedito Lopes da Fonseca, e da diretora do departamento de Vigilância em Saúde, Luzia Márcia Romagnoli Passos, a transmissão pela variante delta em Ribeirão Preto já é considerada comunitária. Isso porque as amostras examinadas foram escolhidas aleatoriamente e não diante de quadros com manifestações mais chamativas do vírus.
Segundo o Hemocentro, o sequenciamento genético ainda foi realizado no material coletado de outras 22 pessoas, mas a suspeita de delta foi descartada.
Casos positivos de delta
Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda, a Vigilância Epidemiológica informou que os oito pacientes com a variante delta evoluíram com quadros leves da doença. São três homens e cinco mulheres, com 26, 33, 40, 41, 48, 50, 64 e 90 anos, diagnosticados com Covid na segunda semana de agosto.
Os moradores não estiveram fora da cidade antes de serem infectados, o que aponta que os casos são autóctones. Todos tiveram sintomas como febre e dores de cabeça e no corpo, e não precisaram ser internados.
“A manifestação clínica dessa doença é diferente. Ao invés de ter um comprometimento pulmonar preferencial como as outras variantes tinham, as manifestações mais frequentes são dor de cabeça, dor de garganta, febre e o mal-estar geral. A perda do paladar e do cheiro acontece menos frequentemente”, afirmou Benedito Lopes Fonseca.
A Vigilância Epidemiológica contactou as famílias de sete pacientes e com outras pessoas do convívio delas para investigar se houve novas infecções a partir do contato e a possibilidade delas terem contraído a doença pela variante delta.
De acordo com a Vigilância, casos foram confirmados entre familiares, mas ainda não se sabe se também são da variante delta. Nos trabalhos dos infectados, não houve relatos de casos positivos.
“A família que nós temos o maior número de casos nós temos o relato de que as famílias se encontraram muito frequentemente. Essa é uma informação importante. Aquelas famílias que se encontravam muito, também tiveram o maior número de pessoas acometidas”, disse Luzia Márcia Romagnoli Passos.
Vacina contra a variante
Ainda segundo os pesquisadores, apenas os pacientes de 64 e 90 anos completaram o esquema vacinal contra a Covid. Os outros seis já receberam a primeira dose, mas ainda aguardam a aplicação da segunda.
Os trabalhos científicos, segundo os pesquisadores, demonstram que a variante delta infecta tanto pessoas vacinadas como aquelas que não foram imunizadas.
De acordo com Fonseca, um estudo recente feito nos EUA após uma comemoração em uma cidade histórica no feriado de 4 de julho mostrou que cerca de 500 participantes foram infectados, dos quais 90% com a variante delta.
“Mesmo quem foi vacinado e quem não tinha apresentava a mesma quantidade de vírus na nasofaringe. Independentemente de vacinado ou não, você pode transmitir o vírus da mesma maneira”, afirmou.
O pesquisador informou ainda que a lotação vista nos meses anteriores no centro de terapia intensiva (CTI) em Ribeirão Preto é observada agora na enfermaria, onde são tratados casos mais leves da doença. A vacinação pode estar ligada à mudança da evolução dos quadros clínicos, mas a constatação ainda depende de mais estudos.
Apesar da aparente prevalência de casos leves, Fonseca alerta que quadros graves continuam surgindo e podem voltar a causar problemas no atendimento dos hospitais se houver uma nova escalada de infectados.
“Pelo aumento do número de casos, mesmo que a porcentagem de casos graves seja pequena, pela quantidade de casos que a gente vai ter, obviamente teremos casos que serão graves. A gente precisa tomar cuidado por causa disso, porque ela vai causar doença grave também.”
Circulação
Serrana foi a primeira cidade, a confirmar casos de Covid-19 por variante delta. De acordo com a Prefeitura, a infecção foi diagnosticada em uma mulher de 30 anos, profissional da saúde, que trabalha em Ribeirão Preto.
Ainda segundo a prefeitura, a mulher, que já foi vacinada com duas doses, cumpriu isolamento social e já retornou às atividades. Familiares dela que foram monitorados após o diagnóstico não contraíram a doença.
FONTE: G1 Ribeirão