JUIZ DE FORA, MG (UOL/FOLHPARESS) – Um homem de 36 anos trancou com corrente e cadeado a porta de entrada de uma unidade básica de saúde da cidade de Mário Campos (MG), a 51km de Belo Horizonte, por não conseguir atendimento para a mãe. Havia funcionários dentro do estabelecimento.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura por telefone, mas não obteve resposta. No posto de saúde onde tudo aconteceu, por telefone, foi dito a reportagem que a chefe do plantão deste domingo (6) não pode dar informações.
Homem que aparece no vídeo, Gabriel Ferreira Campos disse ao UOL que a mãe foi até a unidade de saúde, que é 24 horas, na região central da cidade, para tratar de uma queimadura. Lá, ela chegou a fazer a triagem, mas em seguida recebeu a informação de que não teria como a idosa, de 73 anos, ser atendida por um médico, pois não havia profissional no momento, e que precisaria ir para Brumadinho, a 14 quilômetros do posto.
O reciclador de plástico estava trabalhando e ficou sabendo da dificuldade que a mãe estava passando. Chegando ao posto de saúde, ele usou uma corrente e um cadeado para trancar a porta de entrada do local.
No vídeo, após a porta ser trancada, aparece uma mulher, supostamente funcionária do posto, e questiona a ação. Ela alega que foi o primeiro dia da atual gestão em que houve falta de médico no posto, mas Gabriel rebate. “Pode ligar para polícia, desde ontem não tem médico. Se não tem médico, porque a unidade de saúde está aberta?”.
Gabriel relata que não sentiu medo de sofrer penalidade por fechar uma unidade que presta um serviço essencial. “Se é essencial, teria que ter médico dentro dele. Como um batalhão da polícia precisa ter policial dentro dele”.
Ele conta que a Polícia Militar esteve no posto assim que trancou a unidade para colher as informações do fato. “A polícia chegou, pediu para eu destrancar, para gente conversar, eu destranquei”.
De acordo com Gabriel, a ação foi um desabafo para a situação recorrente da saúde na cidade, e garante que o trancamento da porta de vidro não impediu que as pessoas entrassem e saíssem da unidade. “Do lado, tem um portão que dá acesso, dá para entrar e sair pelos fundos. Foi um ato simbólico para chamar atenção para o que está acontecendo”.