Uma operação envolvendo Polícia Federal (PF) e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), com apoio do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) foi realizada em Ribeirão Preto, na manhã desta quinta-feira (30). A operação, denominada “Car Wash”, teve por objetivo desarticular uma quadrilha ligada ao tráfico de drogas.
Segundo a PF, o grupo desviava produtos químicos controlados, sobretudo cafeína, para utilizar na produção e preparo de cocaína, aumentando com isso a quantidade de droga a ser comercializada e, consequentemente, os lucros com a venda e o poderio financeiro da quadrilha.
Os investigados criaram uma grande estrutura para lavagem de dinheiro. A PF explicou que a organização criminosa se dividia em três grupos, cada qual com funções distintas. Eles agiam a partir dos grupos de investidores, de fornecedores e dos traficantes. Contavam com uma rede de pessoas, os chamados laranjas, para movimentar recursos por intermédio de suas contas bancárias.
Além de utilizar laranjas, contavam também com empresas de fachada, como uma de suplementos esportivos com autorização para adquirir cafeína, produto posteriormente desviado para a organização criminosa. O financiamento também era obtido com a compra e venda de veículos de luxo.
Os agentes foram às ruas de Ribeirão Preto, Rifaina e São João da Boa Vista, todos no estado de São Paulo, para cumprir 15 mandados de prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão contra 18 pessoas investigadas por integrarem o grupo.
Se condenados, os investigados podem cumprir penas que variam entre 19 e 55 anos de reclusão. De acordo com a PF, as penas são estabelecidas conforme o grau de participação de cada investigado, além do envolvimento com os fatos.
Resultado da Operação
No final da manhã, os responsáveis pela participação da PF, GAECO e BAEP deram mais informações durante entrevista coletiva. Segundo o delegado da PF, Marcelus Henrique Araújo, foram presas 16 pessoas na operação. Os presos nas cidades de Rifaina e São João da Boa Vista foram trazidos para a sede da PF, em Ribeirão Preto.
Boa parte dos mandados foi cumprido em condomínios de luxo localizados na zona Sul da cidade. Um casal e um empresário que não tiveram seus nomes divulgados, estão entre os presos. O delegado revelou que o grupo atuava há cerca de cinco anos.
A droga misturada era vendida apenas na região de Ribeirão Preto. A cocaína misturada abastecia os pontos de venda de tráfico. Vários veículos e motos de luxo, avaliados em cerca de R$ 7 milhões foram apreendidos. Além disso, os agentes apreenderam dinheiro, documentos, armas – incluindo uma submetralhadora – e cerca de seis toneladas de cafeína.
A cafeína estava estocada no laboratório que refinava a cocaína, localizado no bairro do Ipiranga, zona Norte, onde também foram encontrados diversos equipamentos. Uma pessoa que estava no local não era alvo de mandados, mas acabou sendo presa em flagrante.
O delegado explicou que, no monitoramento, constatou que o grupo já chegou a movimentar numa única vez 8 toneladas de cafeína, o suficiente para render 26 toneladas de cocaína. A droga era vendida a preços normais, gerando alto lucro para o grupo.
Segundo o capitão Ulisses Arcêncio, do BAEP, a operação foi muito importante. Ele acredita que isso irá representar um grande golpe para o crime organizado, dificultando a distribuição de drogas e gerando melhoria na sensação de segurança pela cidade.